Eu sempre costumo destacar a importância do papel na pintura em aquarela em relação à escolha da tinta para quem está começando.
Normalmente, todo iniciante fica receoso em gastar muito com a compra dos materiais. Afinal de contas, a gente não sabe ainda se vai se afinizar ou não com a técnica. E, sejamos francos, materiais artísticos são muito caros aqui no mercado nacional…
Aqui no site existem várias resenhas com opções bem em conta no que diz respeito às tintas. Diversas marcas com uma ótima relação custo-benefício…
Eu mesmo já falei aqui que aprendi a pintar com as tintas da Pentel, lá em 1995, quando elas ainda eram comercializadas em tubos de alumínio.
É um pouco mais difícil? Claro que é! É impossível? De forma alguma!
Toda a base do meu aprendizado foi feita com as tintas da Pentel e da Reeves. Então quando eu tive a oportunidade de entrar numa loja e comprar alguns tubos da Cotman, foi um momento marcante pra mim. Mas minha técnica deu um salto por causa disso? Sinceramente não…
Deixa eu mostrar alguns exemplos práticos sobre o que eu estou querendo dizer com isto…
Então tirando toda essa questão sobre permanência e resistência à luz, que aí sim é um divisor de águas entre as tintas mais caras e as mais baratas, a gente não nota muita diferença entre essas pinturas…
O que faz, então, elas serem visualmente tão semelhantes? O papel!
Ou seja, eu dei toda esta volta para dizer também que mesmo o papel sendo o principal responsável para um resultado legal em aquarela, não quer dizer que você precisa começar já com um papel “top das galáxias” à base de algodão.
E outra: mesmo um papel caro 100% algodão pode acabar te decepcionando…
Então por isso hoje eu trago à vocês um comparativo entre estes dois papéis da Hahnemühle: o homônimo da marca, à base de celulose; e o Turner, à base de algodão.
Será que há muita diferença entre eles? É isso que vamos conferir agora!
Eu acredito que o Hahnemühle é o melhor papel da marca nesta categoria – à base de celulose – pois a textura é muito parecida com alguns à base de algodão, como o Cézanne e o próprio Turner. Além do processo de fabricação ser muito parecido entre eles.
Vamos ver o que o fabricante diz a respeito destes papéis, começando pelo Hahnemühle:
“Fabricado em forma redonda, em um processo semelhante ao da fabricação de papel artesanal (à mão), “Hahnemühle 300” é o papel mais popular da linha profissional dos papéis aquarela Hahnemühle. “Hahnemühle 300” é 100% alfacelulose e colado na massa, evitando que a água seja absorvida rapidamente e prolongando o tempo de correção da aquarela em várias horas. Outra característica importante é que essa absorção extremamente lenta não dilui os pigmentos da pintura, conservando sua cor e luminosidade na superfície do papel. As folhas avulsas em grande formato apresentam quatro bordas artesanais e marca d´água com o brasão do galo Hahnemühle. Os blocos são colados nos quatro lados e reforçados com gaze para garantir maior planicidade
do papel quando molhado.”
Agora sobre o Turner:
“William Turner” representa a linha clássica de papéis para aquarela profissionais. Seu processo de fabricação em forma redonda é similiar ao da fabricação de papel feito à mão, onde as fibras do algodão são distribuídas de forma uniforme sobre o cilindro da máquina antes de receberem o molde de textura do papel. O resultado é uma superfície macia e ligeiramente irregular, ideal para
artistas profissionais. A colagem na massa evita uma rápida absorção da água. As cores permanecem luminosas e vivas durante
todo o processo de criação e depois dele. As folhas avulsas em grande formato apresentam quatro bordas artesanais e marca d´água com o brasão da Hahnemühle. Os blocos são colados nos quatro lados e reforçados com gaze para garantir maior estabilidade do papel quando molhado.”
Esta é uma característica que eu, particularmente, não gosto nestes papéis. Como eu não costumo pintar diretamente sobre o bloco, mas sim destacando as folhas e colando-as sobre a mesa com fita crepe, o fato delas estarem presas com gaze me atrapalha bastante.
Mesmo tomando muito cuidado e retirando as folhas com auxílio de uma espátula, vez por outra acabo estragando algumas extremidades do papel.
E com o Turner – não sei por qual motivo – esta dificuldade em destacar as folhas se mostrou ainda maior, pois todas as folhas que retirei saíram com alguma avaria…
Eu fico pensando se tivesse feito uma pintura antes de destacar o papel, o transtorno que seria.
Além desta dificuldade em retirar as folhas, ficaram marcas da espátula no papel. Eu sempre retiro os papéis com essa mesma espátula, mas só o Turner me causou este problema até agora.
Bom, vamos para o processo de pintura para ver o que acontece. Eu cortei ambos os papéis na mesma medida e vou deixá-los unidos para fazer a mesma pintura, ou seja, o mesmo processo sobre eles como se fossem uma única folha. Vamos ver como fica.
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Assim, na prática eu achei esses dois papéis bem semelhantes, tanto em textura, como no comportamento em relação à absorção da umidade e velocidade de secagem.
As principais diferenças que notei estão na cor do papel – o Turner é ligeiramente mais branco. O Turner também fixa melhor o pigmento, ou seja, é mais fácil trabalhar em camadas com ele e, obviamente, é mais resistente por se tratar de um papel à base de algodão.
Porém, as marcas da espátula ficaram bem evidentes após a secagem do trabalho. Ou seja, não daria para eu comercializar uma pintura assim…
Pode ser, é claro, que eu esteja utilizando um objeto errado para retirar as folhas, mas somente com este papel eu tive este problema – de rasgar as folhas e de deixar marcas.
Isto faz com que eu não compre novamente o Turner – pelo menos em blocos.
Já o Hahnemühle me surpreendeu positivamente como o melhor papel à base de celulose que utilizei até hoje. Eu, inclusive, fiz todos os exercícios de um dos módulos do meu CURSO DE AQUARELA PARA INICIANTES com ele, e gostei muito dos resultados! Fica aí a dica!
Para quem está começando, existem muitos outros papéis à base de celulose mais em conta e muito bons, como o Harmony, da mesma marca e o Montval, da Canson. Eu sempre indico estes dois papéis para quem está começando, pois possuem um ótimo custo-benefício – e se você comprar em folhas avulsas fica mais em conta ainda…
Enfim, estas foram as minhas impressões em relação a estes dois papéis. Espero que tenham gostado e ajudado vocês de alguma forma.
E, reforçando o que sempre digo, invistam em técnica e treino que, com o passar do tempo, vocês tirarão “leite de pedra”, como diz o ditado.
Falando nisso, te convido a conhecer o meu CURSO DE AQUARELA PARA INICIANTES, onde você terá inúmeros exemplos práticos de exercícios dos mais básicos aos mais avançados, onde utilizo uma variedade enorme de papéis e tintas diferentes, justamente para provar que a técnica sempre se sobrepõe aos materiais.
Então é isso! Eu vou ficando por aqui! Um grande abraço a todos, tudo de melhor sempre e até a próxima!
CURSO DE AQUARELA PARA INICIANTES
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