Abordagem criativa de paisagens
Aquarela e acrílica sobre papel de José Mianutti
Depois de algum tempo de prática, todo artista corre o risco de cair numa rotina de trabalho. Você, por exemplo, talvez sinta que suas pinturas de paisagens são um tanto “sem graça”, “previsíveis”, “de estilo convencional”, embora reconheça que são tecnicamente bem-sucedidas. Quando vê algo, aquilo que lhe causa uma forte impressão desde o início é, sem dúvida, importante; mas lembre-se de que o artista deve enxergar além do óbvio e do meramente pitoresco. Ele deve procurar formas, padrões e texturas fascinantes que se encontram na natureza.
Quando o motivo é uma paisagem, a tendência natural do artista é olhar para frente, ao redor e, então escolher a vista panorâmica geral. Para quebrar este automatismo, experimente focalizar a natureza mais de perto, em close-up. Reduza seu ponto de vista a uma distância de, digamos, uns 7 metros. Procure fragmentos de objetos e fique atento às possibilidades que eles oferecem.
Aquarela de José Mianutti
A ideia de observar em close-up também pode ser estendida para os objetos cotidianos. É preciso concentrar-se um pouco para evitar as coisas óbvias, mas, visto de perto, um objeto comum assume uma dimensão inteiramente diferente, nova. Uma bicicleta ou qualquer outro mecanismo, por exemplo, constitui um bom ponto de partida para este tratamento, pois não faltam figuras geométricas que admitem ser trabalhadas de maneira abstrata.
Acrílica sobre papel de José Mianutti
O pintor comum vê as sombras de uma maneira também comum: como um meio de definir e modelar formas, ou projetar o efeito da luz nas paisagens. O pintor inventivo vê as sombras como elas são, mas também as usa como elementos de desenho. Procure motivos que propiciem fortes contrastes de claro e escuro, como ancoradouros, terrenos de fazendas, becos, pontes e assim por diante. Não se detenha muito para pensar sobre a natureza real de seu motivo. Em vez disso,trabalhe-o no sentido de desenvolver contrastes dinâmicos de luz e sombra.
Lápis de cor sobre papel de José Mianutti
Ao traduzir para a pintura seus sentimentos em relação à natureza, seu maior aliado é, sem dúvida, a cor. No início do século XX, os pintores fauvistas, especialmente Henri Matisse e André Derain, recorriam a arrojadas combinações de cores. Derain costumava dizer que os artistas de sua geração usavam as cores como se fossem “bastões de dinamite”.
Quando pintar uma paisagem, ou qualquer outro motivo, pinte as cores que você sentir, e não as que você ver. Por exemplo, ao ser atraído pelo verde brilhante de uma paisagem, experimente pintá-lo com laranjas vermelhos e lilases vibrantes, ou qualquer outras cores coerentes com seu estado de espírito. Você perceberá que, adotando esta atitude, é sempre possível fazer algo de novo.
Outra maneira não convencional de enfocar uma paisagem é isolar e enfatizar apenas um aspecto – um padrão linear, por exemplo. Todos os elementos naturais apresentam um padrão subjacente, como nuvens, árvores, montanhas ou a grama soprada pelo vento. O mesmo vale para os artefatos produzidos pelo homem: o padrão das telhas num telhado, os raios de uma roda de carroça ou os arcos de uma ponte.
Cor e luz
Os mestres do Impressionismo fizeram do estudo da luz o assunto principal dos seus trabalhos. Com pinceladas de cor pura, criavam uma superfície cintilante que dava a impressão de que a luz do sol era salpicada sobre a paisagem.
Às vezes, o impulso de pintar uma determinada cena é justificado menos pelos elementos que ela contém do que pela maneira com que ela é afetada pela luz. Pouco antes do sol se pôr, por exemplo, quando o céu parece incendiar-se de luz, os detalhes tendem a desaparecer.
Aquarela e acrílica sobre papel de José Mianutti
Experimente captar a vibração da luz pintando um mosaico de cores puras. Siga também a recomendação de Claude Monet e “tente esquecer os objetos que você tem diante de si. Pense apenas que aqui você tem apenas um quadrado de azul, mais adiante um losango cor-de-rosa, ao lado deste uma faixa de amarelo, e pinte-os da maneira como eles se apresentam aos seus olhos”.
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