Mistura de materiais: o que “pode” e o que “não pode”.

Olá, pessoal! Sejam muito bem-vindos a mais um artigo! Hoje iremos falar sobre a mistura de materiais numa mesma obra!

Muitas pessoas me perguntam se é possível misturar tintas de diferentes marcas e/ou qualidades num mesmo trabalho. Bom, com o passar do tempo, a gente acaba se familiarizando e dando preferência a esta ou aquela marca de materiais – isto independente da técnica.

Outra questão, é que muitas vezes não encontramos a cor de determinada marca ou preferimos, por exemplo, o azul ultramar da Van Gogh, mas o verde esmeralda da Cotman.

Pode ser também que você fique em dúvida em misturar materiais de diferentes categorias: como misturar cores de tintas profissionais e estudantes.

mistura de materiais o que pode e o que não pode
Aquarelas em tubo Cotman, Van Gogh, Sennelier, Daniel Smith e QoR

Eu, particularmente, não vejo problema nisso – desde que você imponha um certo limite! Por exemplo: eu não vou utilizar numa mesma mistura cores da Daniel Smith e da Giotto (falando de aquarela). Mas até posso utilizar essas duas marcas em diferentes áreas da pintura.

Por exemplo: posso querer fazer um fundo de uma cor bem profunda e vibrante usando uma aquarela profissional, mas fazer um detalhe aqui e ali usando uma aquarela de linha escolar na falta de uma cor que necessito naquele momento. Tudo é uma questão equilíbrio e bom senso.

O segredo é saber dosar estes fatores – coisa que só vem com a experiência e nenhum curso ou tutorial vai poder explicar com exatidão como isto pode ser feito na prática. Por isso é importante dedicar um pouco do seu tempo para fazer experimentações e ver se se determinado modo de fazer isto ou aquilo funciona.

E, neste caso, é importante também deixar o perfeccionismo e a auto cobrança de lado, trabalhando de forma mais solta e descompromissada. Eu sempre falo que é importante criar intimidade com o material que você usa, independente da técnica, para que você preveja de antemão como ele vai se comportar em um trabalho definitivo.

Quando você conhece a fundo como o material se comporta, você pode arriscar um próximo passo que é a mistura de médiuns em um mesmo trabalho. É possível, por exemplo, misturar tipos diferentes de tintas em uma mesma pintura – desde que elas “conversem” entre si.

Por exemplo, podemos misturar tinta acrílica e aquarela num mesmo trabalho, pois ambas são à base de água. Não digo, neste exemplo, para misturar cores – pois aí não faria sentido, mesmo sendo possível – mas em trabalhar com áreas.

Grande parte da minha produção em aquarela possui áreas em que trabalhei com tinta acrílica. Como ambas possuem um acabamento completamente diferente da outra, é preciso saber dosar bem estes fatores, para que o trabalho fique equilibrado.

aquarela e tinta crílica
Aquarela e tinta acrílica sobre papel. Pintura de José Mianutti

O mesmo vale para combinar tintas com bases opostas – como óleo e acrílica. É possível cobrir uma camada de tinta acrílica com tinta a óleo, mas não o oposto, pois uma camada de tinta à base de água sobre uma superfície oleosa tende a se desprender com o tempo.

Enfim, como dito, é tudo uma questão de prática e de conhecer o material com que se trabalha. Desta forma, você saberá como tirar o melhor proveito de cada um deles e como combiná-los.

Neste trabalho, por exemplo, eu utilizei uma combinação de diferentes marcas e qualidades de aquarelas (Daniel Smith, QoR e Sennelier, que são profissionais, somadas à Cotman e Van Gogh, que são de categoria estudante) mais giz pastel oleoso escolar. Lembrando que você encontra a resenha de todos estes materiais no meu Canal do Youtube!

mistura de materiais aquarela e giz pastel oleoso
Pintura feita com aquarela de diversas marcas e giz pastel oleoso escolar

Aqui, no caso, eu até mesmo misturei as cores das aquarelas, pois o resultado final não salta aos olhos quando você mistura cores de aquarelas profissionais com estudantes.

O giz pastel oleoso, deixei para o preenchimento final na área do fundo – obviamente, após a secagem total da camada de aquarela. Como vocês sabem, se eu aplicasse a aquarela por cima do giz, ele iria repelir a camada de cor por se tratar de um material com base oposta.

Eu sei que questões como estas podem parecer óbvias para a maioria de vocês, mas temos que lembrar também que muitas pessoas estão iniciando e ficam um pouco perdidas sobre estes fatores.

Resumindo: em se tratando de Arte, é possível a gente fazer de tudo – desde que o que a gente escolha fazer funcione! Artistas como Cy Twombly, por exemplo, misturava diversos tipos de materiais num mesmo trabalho: tinta de parede, giz de cera, lápis grafite, etc. Não estou discutindo aqui a “beleza” do que isto resultou, mas vendo as cifras que os trabalhos dele alcançam nos leilões, não posso dizer que deu errado…

cy twombly
Valores (em dólares) de obras de Cy Twombly arrematadas em leilão na Christie´s

Então é isto, pessoal! Espero ter ajudado vocês de alguma forma sobre o que foi falado! Qualquer outra dúvida que tiverem, por favor deixe aí nos comentários que eu responderei assim que possível ou posso também fazer um outro artigo à respeito.

Certo então? Eu vou ficando por aqui! Um grande abraço a todos, tudo de melhor sempre e até a próxima!

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